Na tarde de terça-feira, a Justiça de Santa Maria realizou mais uma audiência do caso envolvendo Bernarda Massolo, uma argentina que teve o corpo queimado no final do ano passado em Santa Maria, e seu ex-companheiro, Angel Gabriel Rolon, réu no processo. Nesta audiência, o réu, que chegou a ser indiciado por tentativa de homicídio qualificado, foi ouvido pelo juiz.
Conforme a defensora pública Valéria Brondani, que cuida da defesa do réu, ele admitiu ter colocado fogo na ex-companheira, mas negou que tenha tido intenção de matá-la. Ele não lembra de detalhes do episódio. Ainda conforme a versão dele, o casal tinha bebido muito no dia do fato e tinha encontrado outros dois rapazes, que assim como Angel e Bernarda, faziam malabares pelas ruas.
- Ela ficou conversando com os dois e ele ficou com ciúmes. Depois, eles começaram a falar sobre ter confiança, discutiram e ele ficou cego de raiva. Mas ele não quis matá-la. Ele se emocionou bastante no depoimento, disse que ficou apavorado quando viu ela pegando fogo, tanto que tentou apagar e, por isso, tem uma marca de queimadura no braço. Ele está bem abalado, amava muito ela e se sentia responsável por ela. Ele queria levar ela para conhecer a praia - comenta Valéria.
A defensora de Angel pediu à Justiça para que o réu possa responder o caso em liberdade ou que ele seja transferido para um presídio em uma cidade de fronteira com a Argentina, para que possa ficar perto de pessoas conhecidas, já que ele não tem amigos ou familiares em Santa Maria. Desde novembro, ele está na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm).
Bernarda, após ter alta, voltou a morar em Santa Fé, na Argentina, e esteve na cidade em maio, quando foi ouvida em outra audiência. A defesa trabalha para que Angel vá a júri popular. De acordo com a advogada Magali Rodrigues, ela ainda está em fase de recuperação das queimaduras, já que algumas atingiram os músculos e, quando esteve na cidade, contou com apoio de outras pessoas para a viagem e a hospedagem em Santa Maria.
Agora, cabe ao juiz avaliar o pedido da Defensoria Pública quanto ao futuro do réu. Depois, defesa e acusação terão de se manifestar, por escrito, no processo. Só depois disso é que o magistrado vai manifestar se o caso será ou não decidido no Tribunal do Júri.